Some Like It Hot do bar italia surge como passo decisivo do trio londrino, avaliado em 3,5/5 pelo crítico Konstantinos Pappis em 21 de outubro de 2025, ao trocar o antigo ar de frieza por camadas de fragilidade distribuídas em 12 faixas.
O álbum abre com “Fundraiser”, onde o groove enxuto realça o diálogo entre vozes masculinas e femininas sobre a linha tênue entre fantasia e apatia. A mudança de clima aparece logo em “Marble Arch”, quando Nina Cristante transforma um sonho perturbador em melodia delicada, sustentada por batida mínima.
Momentos de tensão permeiam “bad reputation”, marcada por ruídos de vidro quebrado que reforçam seu ambiente turvo, e “Cowbella”, gravada na primeira semana de estúdio, que destaca o revezamento vocal dos três integrantes. O grupo também flerta com sonoridades mais pesadas em “I Make My Own Dust”, enquanto “Plastered” faz conexão lírica direta com o tema de conflitos internos apresentado no início do disco.
Entre os singles, “rooster” se sobressai pelo solo de guitarra e a progressão desconfortável que mantém o público alerta. Já “the lady vanishes” aposta em guitarras chorosas e bateria espaçada para sustentar a interpretação desesperada de Sam Fenton.
Embora faixas como “Lioness” repitam ideias sem apresentar ganchos novos, a reta final ganha fôlego com “omni shambles” e “Eyepatch”, que unem versos etéreos e riffs rápidos. A canção-título encerra o trabalho com confissão direta: “há uma coisa que lamento, você esteve na minha mente naquela noite”.
Ao deixar a produção mais polida sem abandonar a imperfeição que define sua química, “Some Like It Hot” mostra o bar italia em transição, consciente das expectativas criadas pela intensa rotina de turnês e disposto a expor suas dúvidas no lugar do antigo desdém.



